quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

SEGUNDO ANO MÉDIO - ANÁLISES DO ALBUM BORN TO DIE - DE LANA DEL REY

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Os dois textos abaixo são críticas ao  album Born To Die, da jovem cantora americana Lana Del Rey

Observe como cada um dos autores formula um posicionamento sobre o disco.

Texto 1 por: Cleber Facchi
Há tempos a indústria da música não fabricava um ícone de maneira tão descarada e, consequentemente, falha quanto Lan Del Rey. Do rostinho sem expressão aos vocais protegidos por doses imoderadas de Auto-Tune, tudo no trabalho da norte-americana ecoa de maneira falaciosa e vergonhosamente irreal. Até o nome da cantora – um misto de atriz Lana Turner e do clássico Ford sedan Del Rey – não é verdadeiro. Entretanto, talvez por enquanto fosse difícil perceber a estrutura estabelecida ao redor de Lana, que através dos singles Video Games e Blue Jeans cresceu ampla e misteriosamente ao longo de todo o ano de 2011, apenas nos preparando para a chegada do aguardado Born To Die, “primeiro” trabalho da jovem e disco em que finalmente somos apresentados de maneira nada discreta à farsa dela – e de quem mais estiver em seu entorno.

Não há qualquer problema na maneira como a artista é matematicamente construída, afinal, ao longo de décadas de produção musical não são poucos os artistas de sucesso que cresceram por conta disso. Os próprios Beatles tiveram os primeiros discos intensamente controlados pela gravadora, isso sem mencionar no cardápio de vozes femininas – indo de Madonna à Britney Spears – que quase diariamente se revelam protegidas por incontáveis recursos, sejam eles musicais ou financeiros. Lana, porém, parece estar exageradamente acima disso. Um rostinho bonito pré-fabricado que vem contando com o apoio ativo de sua gravadora, ou você vai dizer que em 2010 parou para ouvir o primeiro álbum da cantora, um registro tão banal que foi sumariamente descartado.

O problema de Del Rey, entretanto, está além das artificialidades que a cercam, mas sim no vasto número de caminhos que a artista tenta percorrer ao longo do disco. Nem Lana, nem os executivos que a cercam parecem saber para onde a cantora vai. Ao longo do registro é possível observar uma boneca fragmentada em diversas personagens, ora soando uma cópia intragável de Beyoncé (Born To Die e Diet Mtn Dew), ora parecendo uma Robyn menos criativa (Off to the Races) ou ainda sugando o pop orquestral de Florence Welch (Summertime Sadness). Nada no interior do disco pertence a ela, tudo é arquitetado de maneira que apenas a voz (robótica) de Lana é acrescentada no desenrolar da faixa, tornando o álbum um projeto desnorteado.
A forma arrastada e pouco inventiva do disco vai lentamente tornando o álbum um registro sonolento e cansativo, sendo que passados os vislumbres mais “enérgicos” do disco (ao final da faixa National Anthem), o trabalho parece simplesmente morrer, revelando uma sessão de músicas comprometedoramente próximas e irrelevantes. Talvez até exista uma Lana Del Rey ao fundo deste álbum, entretanto, os artifícios que a envolvem são tantos que é simplesmente impossível perceber qualquer fundo de realidade. Del Rey não apenas nasceu, como está pronta para morrer desde já.

Nota: 5.0   
Ouça: Video Games
 
Texto 2 por: Gabriel Picanço
Bastou o video do primeiro single, Video Games, ser postado no youtube e ganhar espaço em praticamente todos os blogs para Lana del Ray conquistar milhares de lovers e haters em tempo recorde. Assim surgiu mais uma diva da música pop dos anos 2010, na internet. Além da qualidade e originalidade da música, o video com a garotinha linda que canta fazendo biquinho chama a atenção por misturar elementos que aparentemente não combinam: Cinema clássico, Elvis Presley, country music, skate, beatnik, grunge, hip hop e maconha. Mais milhares de referências nas letras e nos videos que vieram a seguir.

Também surgiram diversos assuntos que iam além da sua produção: há quem diga que Lana não é “de verdade”, e sim uma invenção de produtores musicais gordos e feios bancada pelo pai milionário. Ainda não ficou claro se a teoria conspiratória é verdade ou se tal polêmica é somente mais um exemplo da dificuldade em atribuir talento a uma pessoa bonita. De qualquer maneira, a sua estréia (que não é bem estréia, já que um álbum foi lançado em 2010 quando ela ainda usava o nome de batismo, Lizzy Grant) virou unanimidade como o disco mais aguardado de 2012.

Born to Die com certeza vai potencializar o fenômeno Lana Del Ray com faixas que carregam muita personalidade e elementos que já viraram marcas da artista, como as batidas de hip-hop combinadas com arranjos de cordas e samples vocais ao fundo. Apesar da repetição desses ingredientes e das temáticas das letras, o disco é correto do inicio ao fim, sem entediar. Born to die prova que Lana tem facilidade para fazer música, tanto que, literalmente, sobram faixa boas. Without You e principalmente a ótima Lokita “ficaram de fora” da tracklist oficial, sendo lançadas somente como bônus.

A voz arrastada, extremamente sexy e agradável, principalmente nas faixas mais lentas e enfumaçadas como Video Games, Carmem e na balada jazzística Million Dollar Man é a principal qualidade não-visual da moça e compensa as letras fracas que escreve. Dark Paradise e Diet Mtn Dew, mais radiofônicas e prováveis hits, são músicas que se diferenciam de canções de artistas como Britney Spears somente pelo tipo de produção. Mas, como já é possível atestar pela grande quantidade de remixes das músicas já lançadas, as faixas de Born To Die não se esgotam nela mesmas, são moldadas com facilidade e certamente vão tocar em todos os tipos de pista em 2012.
Nota: 8.0   
Ouça: Blue Jeans

Após ler os textos, que tal formular sua própria opinião sobre a artista?


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