segunda-feira, 3 de outubro de 2011

TEMA 3: A neurociência do século XXI. Texto por Sonia Montaño


Principais  temas  abordados  pelo  médico  e cientista brasileiro Miguel Nicolelis, na conferência ministrada no Fronteiras do Pensamento do dia de ontem, 3 de maio, no Salão de Atos da UFRGS, com o título “A neurociência do século XXI”.

O século da neurociência
O  conferencista  convidou  a  plateia  a  ver  uma  imagem  de  tempestade  cerebral  e ouvir  uma sinfonia neuronal. As  imagens e os  sons correspondiam à  transformação visual e motora em cem neurônios do cérebro de uma macaca chamada Aurora, disparados entre o  instante em que ela era estimulada a uma ação e o momento em que ela começou a realizá-la. O cientista demonstrou assim que é possível captar o espaço temporal de um pensamento, a tempestade elétrica  que  faz  com  que o  sonho  se  transforme  em  ação. Essa  leitura e  a  decodificação  da atividade  elétrica  do  cérebro  são  conquistas  com  profundas  implicações  na medicina  e  no futuro de nossa própria espécie e, para demonstrar essa afirmação, o médico foi apresentando ao auditório diversos experimentos realizados em macacos e ratos.
A criação de braços robóticos 
Uma primeira consequência da descoberta é a possibilidade de controlar membros mecânicos a  distância,  novas  próteses.  O  fato  vai  permitir  um  dia  que  a  atividade  elétrica  do  nosso cérebro se  liberte definitivamente dos  limites  físicos  impostos por nossos corpos. O cientista mostrou esse processo de ida e volta de informações entre um cérebro de verdade e um robô com  os  experimentos  realizados  em  Aurora.  A  macaca  foi  ensinada  a  jogar  videogame, estimulada  com  o  prêmio  de  suco  de  laranja  a  cada  acerto.  Capaz  de  jogar  durante  horas, Aurora  aprendeu  a  ganhar,  inclusive  a  trapacear.  Enquanto  o  animal  aprendia  a  jogar,  a tempestade  cerebral  produzida  era  registrada  com  computadores  que  criavam  modelos matemáticos,  extraindo  os  comandos  responsáveis  pelo  movimento.  Essa  informação  era enviada a outra sala onde um braço robótico aprendia a fazer os movimentos da Aurora pela decodificação  dos modelos matemáticos. A macaca  via  numa  tela  esse  braço  robótico  e  foi incorporando-o como próprio. Quatro semanas depois, foi aprendendo a jogar imaginando os movimentos,  sem a ação motora. É a própria  tempestade elétrica que alimenta agora os 21 modelos  que movimentam  o  braço  robótico.  O  cérebro  da  Aurora  conseguiu  se  livrar  dos limites físicos e agir a distância, só pelo pensamento.
O cérebro, grande simulador
Para  explicar  a  descoberta  que  demonstra  o  cérebro  como  um  grande  simulador,  Nicolelis apresentou  outra  macaca,  Idoya.  O  experimento  que  foi  realizado  com  Idoya,  a  primeira macaca  a  andar  como  nós,  de  forma  bipedal  numa esteira, mostra  sua  atividade  cerebral e seus  padrões  de  locomoção  enquanto  caminha  na  esteira.  Idoya  realizava essa  atividade  na costa  leste da Carolina do Norte, e  sua atividade cerebral era enviada para Kyoto, no  Japão, onde um robô decodificava a tempestade cerebral da primata. O robô era projetado na frente da  macaca,  e  ela  tinha  assim  a  impressão  de  que  eram  suas  próprias  pernas.  Com  esse experimento,  o médico  demonstra  que  uma  simulação  produzida  por  bilhões  de  neurônios interconectados  se  amplia,  incorporando  novas  ferramentas  como  se  fossem  do  próprio cérebro. O corpo passa a terminar agora nos limites da ferramenta que o cérebro controla.   
O sonho de criar um corpo artificial
O  conferencista explicou que o objetivo de  todos os  seus experimentos, além de estudar as tempestades  do  cérebro  que  mostram  nossos  desejos,  experiências,  temores,  é  usar  a interface  cérebro-máquina  para  reabilitar  o  movimento  em  casos  de  lesões  medulares. Cérebros que ainda  sonham em vasculhar o mundo e não podem  realizar  isso porque  foram privados  da  função motora  se  beneficiarão  de  uma medula  espinhal  eletrônica  possibilitada por  uma  veste  robótica,  um  novo  corpo  que  o  paciente  vai  usar  como  seu.  O  engenheiro Gordon Cheng,  colega de Nicolelis no Centro de Neuroengenharia da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, maior roboticista do mundo, é quem está criando essa veste.
A cura do Mal de Parkinson 
Outro  dos  resultados  obtidos  por  Nicolelis  e  sua  equipe  tem  a  ver  com  a  cura  do Mal  de Parkinson.  Experimentos  feitos  em  um  camundongo  parkinsoniano,  que  se  encontrava paralisado, mostraram  como  o  cérebro  pode  receber  e  processar  ordens  de movimento. O cientista explicou que o estado parkinsoniano nada mais é que uma crise epiléptica, em que neurônios  dispam  no  mesmo  momento.  O  cérebro  precisa  de  caos,  ordem  demais  é patológico.  A  sincronia  perfeita  é  a  paralisia.  Se  todos  os  neurônios  disparam  ao  mesmo tempo, a diversidade que o cérebro precisa ter não ocorre. A solução foi produzir caos dentro da  ordem  cerebral  do  camundongo,  e  dessa  forma  os  pesquisadores  conseguiram  que  o animal recuperasse o movimento sem nenhuma medicação. Esses procedimentos poderão ser usados em futuro próximo em pacientes humanos para essa e outras doenças.
Conclusão: o futuro da neurociência 
Para encerrar uma noite que o público demonstrou ser inesquecível, pela calorosa resposta de aplausos  em    ao  conferencista,  ele  reservou  os  últimos  minutos  para  afirmar  que  a neurociência  do  século  XXI  vai  fazer  muito  pela  humanidade. Mais  do  que  explicar  quem somos, e suscitar novas terapias, novas curas para doenças que afetam milhões de pessoas, a neurociência  e  a  ciência  em  geral  vão  ser  agentes  de  transformação  social.  Como  exemplo dessa afirmação, Nicolelis falou do Instituto Internacional de Neurociências de Natal-Edmond e Lily  Safra,  em  que  funciona  um  arquipélago  de  conhecimento.    o  método  científico  é ferramenta de formação de cidadãos. Segundo o médico, o Instituto está ligado ao mundo da neurociência por uma dimensão virtual que nucleia todos os que querem produzir esse tipo de conhecimento,  sem  fronteiras, que  vai  além das universidades, definidas por Nicolelis  como castelos medievais.  O  Instituto  é  um  experimento  sociológico  em  que  crianças  de  periferia provindas das piores escolas avaliadas pelo MEC aprendem ciência de ponta se divertindo em um  grande  parque  de  diversões.  Elas  aprendem  fazendo  robótica,  ciência,  tecnologia, informática.  Inspiradas  em  Santos  Dumont,  o  brasileiro  que  se  propôs  a  voar  e  voou,  as crianças aprendem que elas podem realizar seus próprios voos. 

Com base no resumo acima e em seus conhecimentos, disserte sobre o seguinte tema:

TEMA:
OS NOVOS LIMITES DA CIÊNCIA: REVOLUÇÕES, TRANSFORMAÇÕES E PRECAUÇÕES.

BAIXE O TEMA AQUI:


publicado ao som de Darwin Dezz

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