O CONSUMIDOR E A INDÚSTRIA CULTURAL
Indústria
cultural (em alemão: Kulturindustrie) é um termo
cunhado pelos filósofos e sociólogos alemães Theodor Adorno (1903-1969) e Max
Horkheimer (1895-1973), membros da Escola de Frankfurt. O termo aparece em Dialética
do Esclarecimento, de 1947.
Os
autores analisam a produção e a função da cultura no capitalismo. Eles criaram
o conceito de Indústria Cultural para definir a conversão da cultura em
mercadoria. O conceito não se refere aos veículos (televisão, jornais,
rádio...), mas ao uso dessas tecnologias por parte da classe dominante. A
produção cultural e intelectual passa a ser guiada pela possibilidade de
consumo mercadológico.
Todas
as civilizações de todos os tempos tiveram suas formas de expressão cultural.
Hoje, contudo, fala-se em produção de Cultura - o que pressupõe, assim, a
existência de uma indústria cultural. Sob esse ponto de vista, a cultura é tida
não como um instrumento de crítica, expressão ou conhecimento, mas como um
produto a ser consumido. Afinal, a indústria cultural é um bem ou um mal? Qual
seria sua verdadeira função?
A
produção da indústria cultural é direcionada para o retorno de lucros
tendo como base padrões de imagem cultural pré – estabelecida e capaz de
conquistar o interesse das massas sem trabalhar o caráter crítico do
expectador. Para se manter e conquistar público, a produção cultural não
objetiva somente a expressão artística, quando está planejada sob pretensões
profissionais.
A
expressão tendencial elaborada com elementos artísticos é incluída num produto
cultural como forma de diferenciação. A indústria cultural assim como toda
indústria está atenta a custos, distribuição e retorno de lucros.
Um forte exemplo de
indústria cultural é a televisão que apresenta pontos positivos em possuir
ótima cobertura geográfica, penetração de público e variedade de conteúdo em
vários horários, mas ao mesmo tempo apresenta conteúdos sensacionalistas e que
escapam do consciente do expectador, cujo indivíduo possa vir a entrar em
estado de alienação. Em outras mídias há o uso do termo “cult”, termo em inglês
que significa obras com características específicas e com público direcionado e
devoto.
A
arte em geral , as manifestações histórico – culturais e a identidade de uma
região servem como inspiração e conteúdo de obra e produto cultural.Em suma a
indústria cultural busca produzir algo que conquiste público e relevância
comercial e se ramifique em produtos licenciados.
INDÚSTRIA CULTURAL
BRASILEIRA:
A
heterogeneidade da indústria cultural brasileira é percebida não somente no
grau de diversidade cultural e territorial de nosso país, mas por focar
conteúdos de culturas estrangeiras em detrimento de nosso conteúdo nacional.
Quando ocorre em nossas mídias uma exposição de nossos valores e identidades,
há o interesse comercial que interfere no que deve ser mostrado para adquirir
audiência.
“O Brasil é um dos países onde a
indústria cultural deitou raízes mais fundas e, por isso mesmo, vem produzindo
estragos de monta; tudo se tornou objeto de manipulação bem azeitada, embora
nem sempre bem-sucedida”- Milton Santos
Segundo
Adorno, na Indústria Cultural, tudo se torna negócio. Enquanto
negócios, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e
programada exploração de bens considerados culturais. Um exemplo disso, dirá ele, é o cinema. O
que antes era um mecanismo de lazer, ou seja, uma arte, agora se tornou um meio
eficaz de manipulação. Portanto, podemos dizer que a Indústria Cultural
traz consigo todos os elementos característicos do mundo industrial moderno e
nele exerce um papel especifico, qual seja, o de portadora da ideologia
dominante, a qual outorga sentido a todo o sistema.
THEODOR ADORNO
É
importante salientar que, para Adorno, o homem, nessa Indústria Cultural,
não passa de mero instrumento de trabalho e de consumo, ou seja, objeto. O
homem é tão bem manipulado e ideologizado que até mesmo o seu lazer se torna
uma extensão do trabalho. Portanto, o homem ganha um coração-máquina. Tudo que
ele fará, fará segundo o seu coração-máquina, isto é, segundo a ideologia
dominante. A Indústria Cultura, que tem com guia a racionalidade técnica
esclarecida, prepara as mentes para um esquematismo que é oferecido pela
indústria da cultura – que aparece para os seus usuários como um “conselho de
quem entende”. O consumidor não precisa se dar ao trabalho de pensar, é só
escolher. É a lógica do clichê. Esquemas prontos que podem ser empregados
indiscriminadamente só tendo como única condição a aplicação ao fim a que se
destinam. Nada escapa a voracidade da Indústria Cultural. Toda vida
torna-se replicante.
É
importante frisar que a grande força da Indústria Cultural se verifica
em proporcionar ao homem necessidades. Mas, não aquelas necessidades básicas
para se viver dignamente (casa, comida, lazer, educação, e assim por diante) e,
sim, as necessidades do sistema vigente (consumir incessantemente). Com isso, o
consumidor viverá sempre insatisfeito, querendo, constantemente, consumir e o
campo de consumo se torna cada vez maior. Tal dominação, como diz Max Jimeenez,
comentador de Adorno, tem sua mola motora no desejo de posse constantemente
renovado pelo progresso técnico e científico, e sabiamente controlado pela Indústria
Cultural. Nesse sentido, o universo social, além de configurar-se como um
universo de “coisas” constituiria um espaço hermeticamente fechado. E, assim,
todas as tentativas de se livrar desse engodo estão condenadas ao fracasso.
Mas, a visão “pessimista” da realidade é passada pela ideologia dominando, e
não por Adorno. Para ele, existe uma saída, e esta, encontra-se na própria
cultura do homem: a limitação do sistema e a estética.
Na
Teoria Estética, obra que Adorno tentará explanar seus pensamentos sobre a
salvação do homem, dirá ele que não adiante combater o mal com o próprio mal.
Exemplo disso, ocorreram no nazismo e em outras guerras. Segundo ele, a
antítese mais viável da sociedade selvagem é a arte. A arte, para ele, é que
liberta o homem das amarras dos sistemas e o coloca com um ser autônomo, e,
portanto, um ser humano. Enquanto para a Indústria Cultural o homem é
mero objeto de trabalho e consumo, na arte é um ser livre para pensar, sentir e
agir. A arte é como se fosse algo perfeito diante da realidade imperfeita. Além
disso, para Adorno, a Indústria Cultural não pode ser pensada de maneira
absoluta: ela possui uma origem histórica e, portanto, pode desaparecer.
TEMA: COMO DEVEMOS AGIR DIANTE DO PODER DA
INDÚSTRIA CULTURAL ?
BAIXE O TEMA: http://migre.me/5XWzd
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